Por toda a Galiza, no norte de Espanha, cumpre-se o ritual anual de cortar as crinas e caudas dos cavalos selvagens que vivem em liberdade nas montanhas. Mas é na aldeia de Sabucedo que a tradição da "Rapa das Bestas" ganha força como evento internacional, reunindo todos os verões centenas de entusiastas e curiosos desta “festa mágica”.

As origens desta iniciativa remontam ao século XVI, ainda que a incerteza quanto à sua religiosidade se dilua entre lendas, histórias de bravura e a entrega dos animais a São Lourenço, em agradecimento pela proteção das aldeias contra a peste.

Depois das orações, a "Rapa das Bestas" inclui uma incursão pelos montes para reunir os cavalos selvagens e a luta que coloca homens – e mulheres – frente a frente com os animais, dentro do Curro, um recinto que em muito se assemelha a uma arena de gladiadores. O objetivo é imobilizar os cavalos no chão para lhes cortar as crinas e as caudas. As semelhanças com a pega de touros em terras espanholas não serão mera coincidência.

Apesar da oposição de alguns grupos contra a realização desta tradição, contra a luta com cavalos selvagens e contra o corte considerado abusivo das suas crinas e caudas, a “festa” continua a realizar-se, sustentada na crença num ritual que celebra a força dos habitantes de Sabucedo que, há séculos, protegem os seus animais contra homens, lobos e até os fogos.